quinta-feira

As grávidas e suas barrigas

Tem coisas que assombram a gente.

Pois é, hoje em dia, quando vejo uma grávida andando por aí, me vem uma pergunta que se faz na cabeça, antes que eu tenha tempo de olhar para o outro lado: como esse neném vai sair dessa barriga?

Não sou mãe, não pari ainda, talvez um dia até resolva (ou a vida resolva por mim). Sou mulher e me relaciono com isso com todo os meu estômago, útero e ovário. E, talvez mais que isso, fiquei sabendo faz pouco tempo como o minha mãe foi vítima de violência obstetrícia no meu parto.

Faz um tempo olho pra isso, pros partos, os movimentos de nascer, de vir ao mundo e encontrei tanto desgosto. Veja o documentário: Renascimento no parto, se prepare é uma viagem a terra dos nascimentos sem humanidade e na volta fica a vontade-dever de fazer diferente. Uma coisa louca que dá na gente, de gestar e parir, em casa, um mundo diferente, um mundo em que a cesárea que pode salvar seja exceção e que as crianças nas salas de aula digam umas as outras que elas nasceram de parto natural em casa.

Voltando.

Quando vejo uma grávida tenho a imensa vontade de chamá-la para um chá e contar sobre como um outro parto é possível, sobre como os médicos, por conveniência ou falta de informação, não sabem auxiliar o parto. Que o parto dela não deveria ser roubado por uma cesárea.

Queria pegar na mão dessa mulher e dizer: você tem tudo que precisa para parir, tem o corpo perfeito e a natureza toda a seu favor. (nota mental, talvez eu acrescente doula na lista de coisas que quero ser nesse mundo em alguma vida).

Mas eu não posso sair por aí falando com pessoas na rua sobre seus partos. Em um mundo ideal, o meu mundo ideal, eu poderia, não nesse.

Fica então a prece noturna, as intenções no mundo, os pedidos pro meu anjo da guarda dar uma palavrinha com o anjo dela e do neném... E fica a torcida.

Por um mundo em que grávidas representem só uma imagem bonita, um momento de festa e a promessa de uma pessoa nessa terra.

Por um mundo de mais amor e menos produção.

Por um mundo que em grávidas não me assombrem.

Por um mundo de parto humano!

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